terça-feira, 15 de março de 2011

COMEMORANDO NASCIMENTOS E CONTANDO HISTÓRIAS

Em frente da casa do sítio havia uma enorme paineira rosa, dessas que começam a florescer nos meses de verão e que depois das flores soltam as sementes envoltas nas painas que usavam para rechear colchões e travesseiros.
Pois saiu então o marido de charrete deste local distante da cidade uns 20 Km, para buscar a única parteira do local e que hoje é apenas um nome nas placas que dão nome à rua: Ema Bicaletto .
Era manhã de janeiro, devia fazer sol e devia haver muitas flores rosas na paineira.
Na casa da parteira informaram que ela estaria fazendo outro parto, na casa grande da esquina da Avenida 2.
Lá chegando, o outro pai - esse de primeira e única viagem - sentado na porta esperando o resultado. Devem ter conversado sobre colheita, chuvas, dívidas, remédios, um deles fumou seu cigarro de palha, o outro recostou-se em sua muleta e assim nasceu o menino.
O dono da charrete então levou a parteira que vinha a ser contraparente, para fazer o outro parto, na casa à sombra da paineira rosa.
E umas duas horas e pouquinho tempo depois nasceu a menina. O ano era 1938,o mês de janeiro e o dia 24.
Anos depois, a menina que nasceu no sítio foi morar na casa de uma tia da cidade para poder estudar. Tinha lá seus seis pra sete anos e o menino já ficara órfão de pai e foi mandado estudar em um colégio interno.
Tempo passando, vida correndo, água rolando, paineira florindo.
Quis o destino que as crianças, então já mocinhos e nascidos no mesmo dia, se conhecessem, virassem vizinhos e começassem a namorar. Faltam-me ou não carecem os detalhes, mas não é lenda, e os dois acabaram se casando.
E essa história bacana vive rendendo outras histórias, outros momentos, outras comemorações.
Da união nasceu um casal de filhos e quatro netos.
São meus pais as duas crianças nascidas em 1938, e no último mês de janeiro de 2011 comemoramos o aniversário de 73 anos do Vô Borão e da Vó Odila, com bolo feito pela minha cunhada, sanduíches variados que eu fiz e a torta de maçã da própria vovó por solicitação dos netos.
Até hoje costumamos visitar o sítio e a paineira rosa que ainda está lá, assim como o ribeirão em que ainda costumamos nadar.
Fui convidada pela Gina do blog Naco-Zinha para participar de uma publicação coletiva sobre fases da vida e como a primeira fase é o nascimento, esta é a minha colaboração, com um olhar de esperança e crença nas surpresas que a vida nos prepara.






12 comentários:

Gina disse...

Ana, você sabe mesmo nos envolver com seus "causos"!
Muito legal os pais terem nascido no mesmo dia e a história que começou de forma inusitada, rende frutos até hoje.
A casa do Borão conserva os amores, as raízes, a paineira...
Grata pela participação na coletiva de uma forma tão bonita.
Bjs.

orvalho do ceu disse...

Olá, Ana querida
Meu desejo de hoje é que uma chuva de bênçãos seja derramada sobre VC e outra chuva de pétalas de rosas orvalhadas...

Ficou tão legal o seu post!!!
Tive até vontade de participar dessa festa linda de 73... que graça!!!
Chegar a essa idade feliz e comemorando o Dom da Vida só pode ser porque se está de bem com a vida... Parabéns!!!
Sua prosa prende a atenção... excelente!!!
Gostei da introdução... muito romântica...
Seja bem vinda, minha linda!!!


Carinhos fraternos em forma de orvalho sôbre pétalas de rosas...

Uma santa e abençoada Quaresma para VC.
Bjs natalícios

RUTE disse...

Uau Ana, realmente as voltas que a vida dá.
Já depois de terminar o texto ainda vejo o seu avó sentado, esperando o outro parto terminar, para então transportar a parteira no outro momento de nascimento.
E vieram ao mundo duas almas no mesmo dia, predestinadas a continuarem juntas por mais uma vida.
Que bom momento literário!
Obrigada pela participação.
Beijo além-mar.
Rute

Flora Maria disse...

Oi, Ana:

Adorei a história das crianças que nasceram no mesmo dia e cruzaram suas vidas de uma forma tão bonita!

Gosto muito de conhecer as histórias das vidas das pessoas, principalmente essas cheias de coincidências. Existem várias histórias desse tipo na minha família e eu adoro recordá-las !

Parabéns pelo texto tão interessante.

Beijo

Bel Alves disse...

Que história linda e encantadora, dá para imaginar um lugar assim, lindo e cheio de emoções...carinhos

Zilda Santiago disse...

Excelente texto!!Muito bem narrado;parabéns.Seguirei esta saga.Bjs no coração.

Luma Rosa disse...

Ana, adorei o seu relato em forma de crônica! Eu como uma pessoa romântica, acredito em destino! Era pra ser!! E feliz que esse amor se realizou e frutificaram! Sabe, correu um filme enquanto lia o seu texto! Acho que você é uma boa conversadeira!! :) Beijus,

Paula Pacheco disse...

Aninha, linda...muito bacana sua historia, queria participar não deu...
bjs e ótimo final de semana
Paula

Gina disse...

Ana,
Dia 15 de abril tem a 2a. fase da coletiva sobre a infância. Não deixe de participar. Acho que todos temos a ganhar com os relatos que nos trazem lembranças afetivas.
Estou no Rio... mas já vou voltar...
Bjs.

v. paulics disse...

oi, ana, cheguei aqui por um comentário seu no blogue da neide - você reparou no caminhão de concreto! - e dei de cara com paineiras rosa e coincidências e um texto lindo sobre antepassados presentes. um presente, mesmo. obrigada. prazer em conhecer. v.

RUTE disse...

Oi Ana,
esqueceu-nos nesta 3ªfase?
Espero que esteja tudo bem com vc pois reparo que o último post foi precisamente a BCFV (2ªfase).
Querida,
se quiser participar ainda há tempo. As regras não são assim tão rigidas.
Beijinhos,
Rute

Karen disse...

Oi, Ana! Fiz o sorteio das Revistas Cuisine et vins de France e você foi uma das ganhadoras.

Você poderia enviar uma mensagem com seu endereço para meu e-mail?

kafkanapraia(arroba)hotmail(ponto)com

Abraços!