sexta-feira, 24 de outubro de 2008

REI COENTRO II - TUDO SE TRANSFORMA






Na minha cozinha nada é tão verdadeiro quanto a Lei de Lavoisier: Nada se perde, tudo se transforma...
Pois partindo desse princípio, cozinhei a carcaça do peito do frango da receita anterior pra fazer um caldo e desfiar as carninhas que ficam grudadas aos ossos. Nunca desperdicem uma carcaça !!!! Além do mais precisava dar utilidade ao restante do coentro. E roda imaginação.
Pensei então numa mistura de missoshiro e sobá e surgiu um caldo de frango, com macarrão e omelete, inspirado nas comidas japonesas e temperados com coentro. A vida é uma viagem...

Já cozinhei as carcaças com folhas de coentro, sal e um pouco de pimenta do reino.
Desfiei a carninha do frango e reservei. No caldo, cozinhei o macarrão do tipo lámen.
Bati uma gema de ovo com sal e um pouquinho de água e fritei numa antiaderente como se fosse uma panqueca, que depois enrolei e fatiei.
Montei o prato: Macarrão, frango desfiado, omelete cortadinha e coentro. O Caldo deixei separado, só pra foto ficar mais arrumadinha...hehehehe.













REI COENTRO I - FRANBICO COM LEGUMES





O desafio da quinzena no Colher de tacho é o tipo de coisa "love me or leave me", pois para o coentro não há meio termo. Seu cheiro é muito forte e o sabor acentuado. Se ele for colocado em uma comida, não dá pra tirar de lado e deixar no cantinho do prato, pois é mesmo muito marcante.
Eu sou uma que gosto muito, mas em casa.....basta chegar do supermercado com um maço e lá vem reclamação sobre o cheiro que pra mim é perfume, claro.

Este prato fiz assim:
Cozinhei grão de bico em água e sal e uma parte eu bati no liquidificador com um pouco da água do cozimento para dar mais cremosidade.
Dourei cebola e alho em um pouco de azeite e juntei peito de frango em cubos. Depois do frango bem douradinho, coloquei um tomate picado meio grande para aparecer bem o vermelho. Adicionei cenoura, vagens e batata também em pedaços meio grandes.
Esse refogado e o grão de bico batido no liquidificador, eu juntei ao grão de bico cozido que havia reservado e deixei cozinhar no fogo por uns quinze minutinhos.

Servi com arroz branco, óleo de gergelim torrado e muito, muito coentro picadinho.



sexta-feira, 17 de outubro de 2008

A TURMA DO FUNIL E O EFEITO DOMINÓ...

Minha avó fazia bolinho de chuva mesmo com sol e sem medidas. Nós adorávamos e ficávamos a imaginar as formas variadas que os bolinhos tomavam quando eram pingados no óleo quente. Levar o bolinho murcho no lanche da escola no dia seguinte também fez parte de uma infância divertida, feliz e muito, mas muito saudosa.
Hoje ainda fazemos muitas receitas sem medidas, usando a intuição, as lembranças, os gostos, além de termos "zil" receitas copiadas, recortadas, impressas, guardadas em armários e estantes, anotadas em livros e revistas; certamente muitas das quais nunca faremos.
O mundo dos blogs de receitas culinárias então, nos dá combustível para muitos e muitos pratos, sabores e gostos. É fácil perceber que muitas coisas acabam tendo um efeito dominó e ao ser postada em um blog, logo vai pipocando nos outros, com modificações, comentários "huns e hums e mignhams e mignhons".
Foi assim, lembrando desse efeito dominó que ao resolver fazer o Funnel cake, me lembrei que já o tinha visto nos blogs da Cinara e da Agdah.
Eu segui a receita publicada pela Cinara, mas certamente alguma outra receita particular dará o mesmo resultado, que na verdade depende do diâmetro do funil ou qualquer outro objeto "pingante" que nossa imaginação permitir. E como diria Lupicínio Rodrigues: "O pensamento parece uma coisa à toa, mas como é que a gente voa quando começa a pensar ."

2 ovos
1 1/3 xícara de leite
2 2/3 xícaras de farinha de trigo
1/4 xícara de açúcar
1/4 colher de chá de sal
2 colheres de chá de fermento em pó
Açúcar, canela, geléia, queijo cremoso ou/e o que mais a imaginação permitir .



quinta-feira, 16 de outubro de 2008

BOLO DAS MENINAS...

Gosto muito que os amigos e amigas dos meus filhos estejam em casa, seja pra fazer trabalhos, estudar (é o que menos fazem..hehehe) ou apenas brincar nos finais de semana. Invariavelmente quem mais tem convidados é a Bruna bem como é a mais convidada para atividades mil, desde jogos de futebol até festas de quinze anos de colegas de classe do meu filho mais velho.....e ela ainda nem fez onze.
Num desses sábados dos últimos meses em que temos abundância de morangos, resolvi me arriscar e fazer um bolo. Não tenho habilidades finas propriamente ditas, não tenho muita paciência para coisas delicadas ou que demandem delicadezas, e afins. Gosto mais de praticidade e coisas no estilo "aqui e agora". Ansiedade é comigo mesma.
Aí que saiu o bolo abaixo e por ser um dos primeiros até que ficou bonitinho (bonitinho é quando não queremos dizer feio, mas que o lindo passou longe). Quanto ao sabor, ao menos para o pessoal de casa e a minha linda visitante Flávia, posso colocar os dedos desajeitados no fogo. Até repeti lá na casa do Borão e também foi aprovado. Fiz um pão de ló básico que já tenho de cabeça e é de bom tamanho. No recheio usei brigadeiro branco com uma lata de creme de leite e um disco de suspiro que comprei pronto.
Assim:
4 ovos
4 colheres de açúcar
4 colheres de farinha de trigo
1 colher de fermento em pó
(dá pra fazer essa receita proporcionalmente com os ingredientes em quantidades de 3 até 6, depois disso eu nunca testei.)

Bata as claras em neve e junte o açúcar. Numa vasilha separada eu tiro a pele das gemas (dizem que ela é que dá aquele cheiro forte, se não tiver comprovação científica, já me acostumei) e dou uma batida. Com a batedeira ligada vou despejando sobre as claras em neve. Desligo a batedeira e junto aos poucos a farinha e o fermento peneirados, mexendo delicadamente. Assadeira untada e enfarinhada, fõrno pré-aquecido e rapidamente o bolinho tá pronto.

O brigadeiro deve ficar meio mole, antes do ponto de enrolar. Uso uma colher de margarina/manteiga e uma lata de leite condensado. Quando esfria junto uma caixinha de creme de leite com soro ou natas.

Corto o bolo ao meio, coloco morangos fatiados, o suspiro esmigalhado com as mãos, e o brigadeiro.
Para cobrir eu uso um pote de creme de leite fresco batido com duas colheres de açúcar.

Não consigo fazer com que fique ao menos umas duas horas gelando....







segunda-feira, 13 de outubro de 2008

COUVE-FLOR DA MINHA MÃE...

Vira e mexe ela tá de receita nova, que aprende com as frequesas, ou enquanto costura e assiste à televisão. Ah, e também entende de futebol, tá sabendo de tudo sobre a atual crise econônica mundial, discute política, de vez em quando vai à missa, e caminha todos os dias ao final da tarde. Nem preciso dizer que é ela quem manda na casa do Borão....
Lava-se bem uma couve-flor, e coloca-se inteirinha numa panela com água fervente (se ela estiver com algumas folhas, ficará mais charmosa), por um tempinho curto até dar uma amolecida. Se não tiver uma panela funda, deixe tampada que o vapor já se encarrega de amolecer.
Coloque numa fôrma, assadeira ou refratário. Faça rolinhos com presunto e queijo (ou o que sua imaginação permitir e houver em sua geladeira), e coloque delicadamente entre os buquês da couve-flor. Faça bastante de um delicioso molho branco (é claro que o de mãe é muito mais gostoso e não leva nada além de leite, manteiga , temperos e farinha de trigo), cubra a couve e espalhe por toda a assadeira. Salpique queijo ralado e leve ao forno até dar uma gratinada.





PRATO DAS ARÁBIAS....

Sempre que vamos para Brotas, aproveito pra levar coisas que minha mãe tem dificuldade de achar por lá, ou que por aqui sejam mais baratas. Desta vez levei trigo integral, aveia, granola, champignon, cerejas, que aqui compro a granel e que por lá o preço é exorbitante, além de não terem muitas opções de locais de compra.
E de quebra levei zahtar e pimenta síria pois minha mãe queria experimentar uma receita de kaftas. Antes dei uma pesquisada na internet para comparar receitas, medidas, temperos, modos de fazer.
Pra variar, fizemos as adaptações ao nosso modo e ficaram muito bons os tais espetinhos com carne moída.

1º macete: Pedir ao açougueiro passar a carne mais de uma vez pela máquina pra que fique mais fácil de colocá-la nos espetos.

2º macete: Deixar os espetos de molho numa assadeira com água antes de colocar a carne, para evitar que peguem fogo ou fiquem queimados enquanto estão no forno/grelha.

3º macete: abrir um saquinho plástico sobre a tábua de carne para facilitar o processo de moldagem nos palitos. Abre-se uma porção de carne, coloca-se o palito no meio e com a ajuda do plástico vai enrolando. Depois é só ir ajeitando com as mãos...fica bem fácil.

Usamos:
800 gr. de patinho moída, porção de hortelã bem picadinha, porção de cebola idem, sal, zahtar, pimenta síria, canela em pó. Temperei a carne com uma meia hora de antecedência e depois moldei nos palitinhos. Coloquei numa assadeira e levei ao forno (há quem faça na grelha, sobre a chama do fogão). Fui virando os espetos e um pouco antes de retirá-los do forno dei uma regada com azeite de oliva pois achei que estavam mais secos do que gostaria. Servimos com salada de folhas verdes e bastante limãozinho espremido.
Resolvemos que da próxima vez, faremos na assadeira pra ter mais tempo livre e quem sabe para que fique menos seco. Houve até quem sugerisse fatias de bacon, mas aí já saímos das Arábias e chegamos à América.




quinta-feira, 9 de outubro de 2008

AMOR DEVAGAR...

Flagrantes de um quintal em algum lugar de Brotas...o amor é lindo!!




GELÉIA DA NEIDE....EU FIZ !!!

Quando fui dar o título do post bem que pensei em "mocotó da Neide", mas por via das dúvidas preferi não dar vazão ao duplo sentido e acabei mudando.
O fato é que quando criança era comum comermos geléia de mocotó legítima e como eu era meio ruim de garfo e magricela, minha mãe fazia tudo que diziam que era bom pra criança se nutrir e claro que a geléia de mocotó era recorrência. Só não cheguei a tomar Emulsão Scott, aquela do óleo de fígado de bacalhau que hoje até já saborizaram porque dizem que é mesmo muito ruim.
Pois foi só ver o post lá no COME-SE que fui tratando de telefonar pra minha mãe começar a receita pois como iríamos - e fomos - para Brotas no último final de semana das eleições, queria testar a receita e lembrar do saborzinho da geléia. Aliás, invariavelmente a Neide me faz voltar no tempo com suas carnes de lata, biscoitos de araruta, e tantas outras receitas e histórias que na verdade nos falam muito mais de saudade, de lembranças, de pessoas e de coisas que aos poucos vamos perdendo, muitas pelas mãos do progresso que continua a nos empurrar não sei pra onde.
Então, fazer a geléia foi como voltar à infância, com a diferença de que a geléia que eu costumava comer não levava casquinhas de limão, e também resgatar momentos em família, compartilhando memórias e mais histórias.
Quem só comeu aquelas geléias de mocotó de copinho ou caixinha, não sabe o que é originalidade e está perdendo tempo. Pode parecer e ser um pouquinho demorado, mas é um processo muito fácil, ainda mais que hoje em dia já encontramos o pé do boi limpinho, branquinho, sem cheiro, sem pele. Na verdade acho que se não fosse assim, não teria vontade de fazer, só de pensar na trabalheira.
Então, como tudo está explicado lá pela Neide, só me resta comprovar com as fotos e dizer que a criançada em princípio ficou ressabiada mas depois mandaram ver e comeram com gosto. Tanto que esqueci de tirar foto da geléia pronta e quando percebi..............acabou.

Depois de cozido e coado, o caldo vai pra geladeira e fica assim

Vista lateral - a faixa mais amarela e gordurosa é desprezada para a geléia

No Rio Grande do Sul usamos a gordura pra passar nos cabelos,
e a Neide pra fazer favas e sabão. Em casa nós desprezamos.

A geléia pronta fica assim e depois vai para a geladeira
até ficar bem durinha.