domingo, 22 de junho de 2008

A SUSTENTÁVEL LEVEZA DO PLANETA...

A cozinha andou um pouco à meia luz nos três últimos dias da semana pois estive participando do GLOBAL FÓRUM AMÉRICA LATINA, que deu continuidade a um evento acontecido em Cleveland em 2006. Naquele momento e naquele local, líderes empresariais e representantes do mundo acadêmico se reuniram para identificar áreas de cooperação entre estes "dois mundos", visando promover ações efetivas para o desenvolvimento sustentável global.


Uma das propostas àquela época foi que o Fórum tivesse novas edições em caráter regional e o Brasil foi indicado para sediar o primeiro Global Fórum América Latina e lá fui eu ajudar a fazer essa farofa latino americana a ser servida ao mundo, aproveitada por todos e com ingredientes que respeitem, preservem, mantenham e sustentem adequadamente o nosso planeta.

Estavam presentes representantes do governo, sociedade civil, indústria e academia visando uma articulação para ações cooperativas e formação de alianças estratégicas entre estes quatro atores implicados na educação para a sustentabilidade.

Também visou a detecção e debate das necessidades empresariais que buscam o desenvolvimento sustentável, na capacitação dos que saem das escolas de ensino superior, bem como a formação de líderes inovadores preparados e conscientes de suas responsabilidades perante as demandas de um mundo global, e já que estou contando esta história no meu blog, poderia dizer também, demandas de um mundo "Blogal", pois acredito que também e principalmente estas redes da blogosfera podem se engajar e muitos blogs já o fazem, numa tentativa ímpar de conscientização, disseminação e enraizamente de uma nova mentalidade, nova forma de cuidar do mundo, consumir menos, produzir menos lixo, e não achar que o planeta é um eterno almoxarifado de onde apenas vamos tirando, tirando, tirando...e devolvendo lixo, sujeira e fumaça.
Tivemos apresentações de resumos científicos e relatos empresariais e também trocamos experiências e debatemos propostas de ação e engajamento.

Nos dois últimos dias, como numa enorme sala de aula, e com uma metodologia definida - A Investigação Apreciativa, procuramos estabelecer estratégias a ser implementadas de forma articulada, interdependente e mutuamente reforçadoras. Essa metodologia foi conduzida por Ronald Fry, da Weatherhead School of Management de Cleveland, um de seus formuladores.


A palavra catalisadora do encontro foi "Mudanças", pois as mesmas são feitas por pessoas e a conclusão é que a difusão do conceito de sustentabilidade nas empresas e nas escolas, passa por uma transformação que aconteça no plano pessoal.
Na segunda manhã tivemos cinco palestrantes plenamente envolvidos com o tema e que nos proporcionaram momentos de reflexão, de uma forma simples e por assim dizer, até bem humorada.

RICARDO YOUNG - INSTITUTO ETHOS

Teoria "U" - Demonstra que estamos na iminência do surgimento de um novo líder. Líder transformador da realidade que desafia seus próprios conceitos e tem a coragem de ousar. O líder herói está fadado à falência porque a sociedade clama para que a liderança tenha capacidade de olhar acima e além de interesses pessoais, da própria organização ou de seu setor.



OSCAR MOTOMURA - GRUPO AMANA KEY

"Pessoas devem subir no helicóptero e enxergar as conexões do departamento com a empresa, da empresa com a sociedade e subindo o helicóptero, conseguir enxergar sob o prisma do planeta". Não existe nada mais poderoso que a iniciativa das pessoas pois elas é que podem acelerar as mudanças. O lado negativo é quando as pessoas acham que já fizeram o bastante e deixam o resto do trabalho para os outros. Muitas pessoas atentam contra a sustentabilidade em razão do analfabetismo ecológico, por não saberem que o ato até pode ser pequeno, mas a intenção é muito grande."

CLÁUDIO DE MOURA E CASTRO - FACULDADE PITÁGORAS

"Sem informação e conhecimento não se dá passos para a frente.Havendo cooperação é possível empreender ações pelo benefício coletivo. É necessário trilhar todo o processo de educação, não se pode pular etapas. A intelectualidade brasileira já mudou e agora a mudança tem de chegar mais abaixo. É uma evolução interessante."
CHRISTINA CARVALHO PINTO - MERCADO ÉTICO

Necessidade de expandir a consciência sustentável para todas as faixas sociais e etárias da sociedade. Necessário fazer perguntas a si mesmo: o que eu gostaria de ser e fazer neste processo? Onde estão meus valores?
MARIO MONZONI - CENTRO DE ESTUDOS EM SUSTENTABILIDADE FGV

Percepção e consciência da necessidade de mudança da visão individualista e de repensar o coletivo. Mudança de foco na educação com foco em sustentabilidade pode ser feita com a introdução de uma metodologia não mais baseada na arrogância ou na sabedoria de apenas um só. Formar algo valioso no futuro, repensando o coletivo.


RAM CHARAN - CONSULTOR MUNDIAL DE NEGÓCIOS

O indiano se apresentou na tarde do segundo dia e estabeleceu 10 princípios para que tenhamos iniciativas de inovação social e criação de redes sociais sustentáveis. Disse que qualquer pessoa pode colaborar com o desenvolvimento sustentável de outra, de grupos ou de comunidades. Que a colaboração não exige dinheiro, mas tempo, dedicação, paixão e ferrramentas específicas. Sintetizou que a chave está em usar o cérebro, desenvolver a mente e o raciocínio lógico.
"Os analfabetos e os que vivem na pobreza, têm o poder de raciocinar e é com o raciocínio que devemos trabalhar. É preciso fazê-las falar e ouvi-las, orientá-las para articular o pensamento, para ter lógica. No mundo todo há casos de analfabetos que ergueram impérios e só depois aprenderam a ler e escrever".
Nas próximas postagens, mais detalhes do Fórum, da comida, do local e da continuidade dos trabalhos.

2 comentários:

Filipa disse...

Esse evento deve ter sido muito informativo e achei que você fez muito bem em escrever um post aqui no blog a falar sobre isso.
Acho que todos nós devíamos ter a noção que de não se pode andar sempre a tirar tudo do planeta e não dar nada em troca.

Beijinhos

Agdah disse...

Muito interessante.